Jacques Tati traz de volta o personagem Monsieur Hulot, que, com suas coreografias cômicas encantadoras, passeia pela Paris pós-moderna dos anos 60. Seu jeito inocente de observar as coisas acaba criando confusões hilárias entre os turistas que visitam a capital francesa. O filme é uma feroz crítica à arquitetura e aos costumes da pós-modernidade, porém feita com muito humor. Esta é a mais cara produção de Jacques Tati. Em Play Time, Tati construiu praticamente uma cidade, com restaurantes, farmácias, prédios comerciais e até aeroporto
Em Play Time: tempo de
diversão, Jacques Tati faz uma inserção
de seu protagonista a um novo espaço que oferece de todas as maneiras
possíveis, novidades que provocam as mais diferentes reações. Tais espaços
promovem uma interação com o usuário que necessita a cada momento, estar atento
aos próprios passos.
Nos dias de hoje, é difícil
que alguém que viva cercado de tecnologias se surpreenda de maneira mais
explicita à certas novidades por mais
impactantes que possam ser, mas na época do filme em questão, o personagem observa tudo que não lhe é familiar com
minuciosa atenção. Era um tempo em que novas tecnologias eram incorporadas
diretamente aos locais de trabalho que viviam uma revolução na organização de
seus espaços.
Os grandes espaços urbanos
também passavam por uma notória mudança impulsionada pelo uso em larga escala
de vidro nas fachadas e interiores dos grandes edifícios. A busca por formas arquitetônicas simples era um dos
pontos chave da época que tinha grande preocupação com a parte visual dos
ambientes apesar que o uso de cores fortes eram quase inexistentes. Os espaços ainda seguiam uma certa
padronização, evidenciada principalmente nos locais de trabalho.
Essa visão dos espaços
juntamente com a incorporação dos novos
equipamentos, ocasionava certos problemas já que a maioria das tecnologias eram
de difícil manuseio. Uma simples mudança
de andar por meio de elevadores poderia se tornar um caos em meio a inúmeros
botões. O uso efetivo das novas tecnologias parecia indispensável, mas exigia
por parte dos usuários, um aprendizado prévio. Em uma das cenas do filme por
exemplo, essa dificuldade em operar certos equipamentos foi demonstrada pela
falta de pratica dos funcionários do prédio que nem mesmo podiam contar com o
auxilio do manual de instruções devidamente traduzido.
Os costumes da época eram baseados em um certa padronização tanto
no que diz respeito às formas de se vestir, como na aparência externa das ruas.
Os automóveis da época também não possuíam grandes diferenças entre si,
diferentemente da grande diversidade de modelos que vemos hoje em dia.
Jacques Tati, demonstra
todos estes acontecimentos do filme de forma cômica, o que provoca um olhar diferenciado sobre
tudo aquilo que lhe é apresentado. Todo o espanto se torna diversão em meio aos
problemas e soluções decorrentes das tecnologias e os novos meios de se
interagir com os novos espaços.
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